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Viva Vida Oriental!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Kanji

Os kanji (漢字) são caracteres da língua japonesa com origem de caracteres chineses, da época da Dinastia Han, que se utilizam para escrever japonês junto com os caracteres silabários katakana e hiragana.
No Brasil, kanji, também é sinónimo de ideograma. Devido ao imenso e variável número de kanji's, o ministério da educação japonês definiu, a 10 de Outubro de 1981, a jōyō kanji, uma lista de 1945 kanji oficiais, distribuídos por ordem de traços, de 1 até 23.



História

Há algumas discordâncias sobre como os caracteres chineses chegaram ao Japão, mas é geralmente aceito que monges Budistas, ao voltar para o Japão, trouxeram consigo textos chineses por volta do século V. Esses textos estavam na língua chinesa, e num primeiro momento teriam sido lidos como tal. Com o passar do tempo, porém, um sistema conhecido como kanbun (漢文) foi desenvolvido; ele essencialmente usava sinais diacríticos nos textos Chineses para possibilitar aos falantes do japonês lê-los de acordo com as regras da gramática japonesa. A língua japonesa não possuía forma escrita naquele tempo. Surgiu um sistema de escrita chamado man'yogana que usava um limitado número de caracteres chineses baseados em sua pronúncia, ao invés de seu significado. Man'yõgana escrito em estilo curvilínio se tornou hiragana, um sistema de escrita que era acessível às mulheres (que na época não recebiam educação superior). O silabário katakana emergiu por um caminho paralelo: estudantes de monastério simplificaram man'yõgana a um único elemento constituinte. Desta forma os dois outros sistemas de escrita, hiragana e katakana, referidos coletivamente como "kana", são, na verdade, provenientes de kanjis.


Caracteres chineses: Diferenças japonês-chinês


Os caracteres tradicionais e simplificados

O nome Kanji é derivado do chinês, e significa "caracteres da dinastia Han", durante o qual a escrita chinesa e o primeiro dicionário de caracteres unificados (o Jiezi Shuowen) foi criado.
Embora os caracteres kanji são formados a partir destes, dois não são idênticos.
  • Por um lado não foram adquiridos todos os caracteres, por outro lado, alguns caracteres, os Kokuji assim chamados, foram desenvolvidos no Japão.
  • Os caracteres chineses foram simplificados na China e Japão ao longo dos anos, mais recentemente, 1947 As simplificações não foram, no entanto, de modo que toda uma série de caracteres estão agora disponíveis em três variantes, como caracteres (Taiwan, Hong Kong, Coréia), (China, Singapura) e uma versão japonesa (Shinjitai).
  • A pronúncia é diferente.
  • Enquanto no chinês todas as palavras e partículas gramaticais e as palavras estrangeiras são escritas com caracteres chineses, são escritas somente em japonês elementos significativos, como substantivos e da raiz de verbos e adjetivos em kanji, seguidos de terminações em hiragana (para tornar o kanji radical em verbo, adjetivos, advérbios; ou somente o uso do hiragana, no que diz respeito as partículas mais variadas; além do uso do katakana para nomes estrangeiros e onomatopéias.
 Ideogramas

Os kanjis são ideogramas que expressam coisas concretas e abstratas, através de radicais (partes indivisíveis dos kanjis) que dão idéias que somadas formam a palavra (ás vezes o radical é o próprio kanji, ou a palavra é formada por mais de um kanji). Há três tipos de kanjis:
Pictográficos: São desenhos de objetos e fenômenos do cotidiano. Exemplos:
  • 火 (fogo. A lenha em chamas levantando labaredas para o alto)
  • 日 (sol. O traço do meio representa a estrela em si, e o quadrado ladeador, seu brilho)
  • 月 (lua. A esfera manchada com a parte esquerda oculta pela sombra)
  • 川 (rio. Os traços ilustram as curvas formadas pela correnteza)
  • 雨 (chuva. Gotas caem do alto)
  • 人 (pessoa. Pernas abertas)
  • 木 (árvore. Evidencia a árvore e suas principais ramificações)
  • 鳥 (pássaro. Está de perfil, a cabeça tem uma pluma rebelde e está voltada para esquerda. abaixo, a asa seguida das garras)
  • 馬 (cavalo. De perfil, seu pescoço e cabeça voltados para esquerda. Traços horizontais formam a crina. e os inferiores suas patas)
  • 龍 (dragão. Do lado esquerdo temos sua face. A partir da padronização de caligrafia reisho (隸書) em diante (sem passar para as formas cursivas), sua boca e bigode se assemelham com o radicais "lua" ou "carne", mas não o são, porque este kanji é um radical po si só. No Japão, foi substituído por 竜 mas ainda é razoavelmente utilizado.)

Ideográficos: Representam o abstrato (sentimentos, idéias, números, etc.) Exemplos:
  • 一 (um. um traço horizontal simboliza a "unidade")
  • 二 (dois. dois traços, duas unidades)
  • 三 (três traços, três unidades)
  • 上 (em cima/superior. O traço menor está acima da superfície)
  • 下 (embaixo/inferior. O traço menor está abaixo da superfície)

Complexos: Existem dois tipos
1. Formados por radicais que juntos formam uma nova idéia. Exemplos
  • 明 (claridade. É formado pela combinação dos radicais 日(sol) e 月(lua)
  • 林 (bosque. É composto de dois radicais 木(árvore)
  • 森 (floresta. É formado por três radicais 木(árvore)
  • 男 (homem. É representado como "a força (力) dos campos de arroz (田)"
  • 休 (descansar. A pessoa (人) numa árvore (木), relaxando.)
  • 好 (gostar. É o que a mulher (女) sente pelo filho (子)
  • 四 (quatro. Uma "caixa" 囗 com os "membros humanos" (儿) que são quatro.)

2. Um radical fornece o sentido, e outro a pronúncia (na maioria das vezes on-yomi). Exemplos:
  • 銅 (Cobre. O radical 金 significa "metal", enquanto "igual" (同) fornece a pronúncia on-yomi "dou")
  • 聞 (Ouvir, perguntar. O radical "orelha" (耳) dá o sentido, e "portão" (門) a pronúncia on-yomi "mon"
  • 姓 (sobrenome. É composto pelos radicais "vida"(生 - definidor da pronúncia on-yomi "sei") e "mulher"(女)


 Okurigana

(送り仮名, literalmente "letras acompanhantes") são kanas que seguem o kanji na escrita de palavras japonesas. É usado geralmente para flexionar um adjetivo ou verbo, com o okurigana indicando o tempo do verbo (passado ou presente/futuro), dando um significado afirmativo/negativo, agregando um nível de cortesia, etc. Atualmente o okurigana se escreve com hiragana; antigamente, o katakana era usado em seu lugar. Por exemplo, o kanji 食 significa comer/comida, assim como o radical português com-. Isso é insuficiente, necessitando de uma terminação que dará o sentido. Por tanto, o verbo comer é escrito com a terminação "beru" 食べる (taberu), assim como em português, o prefixo com- necessita de "-er" para formar o verbo.


Leituras

Devido à maneira que os caracteres kanji foram adotados no Japão, um único kanji pode ser usado para escrever uma ou mais palavras diferentes (ou, na maioria dos casos, morfemas). Pelo ponto de vista do leitor, é dito que os kanjis apresentam uma ou mais "leituras" diferentes. A escolha da leitura depende do contexto, significado pretendido, uso em compostos, e até a localização na frase. Alguns kanjis apresentam 10 ou mais leituras possíveis. Essas leituras são normalmente categorizadas como "on'yomi" ou "kun'yomi".

"On'yomi" (leitura chinesa)

"On'yomi" (音読み), a leitura sino-japonesa, é uma aproximação da pronúncia Chinesa do caractere na época em que ele foi introduzido no Japão. Alguns kanjis foram introduzidos várias vezes em épocas diferentes e a partir de distintas regiões da China, por isso temos múltiplos "on'yomi" e às vezes múltiplos significados. Normalmente não iria se esperar que kanjis inventados no Japão tivessem uma leitura "on", mas há exceções, como o caractere 働 'trabalhar', que apresenta o kun'yomi "hataraku" e o on'yomi dõ, e 腺 'glândula', que tem somente o on'yomi
A leitura on'yomi ocorre principalmente em palavras compostas de múltiplos kanjis (熟語 jukugo), muitas das quais são o resultado da adoção (juntamente com o próprio kanji) de palavras Chinesas para conceitos que não existiam na língua japonesa da época. Esse processo é comparável ao empréstimo de palavras de origem latina pelo português."sem"

"Kun'yomi" (leitura japonesa)

A leitura kun'yomi (訓読み), ou "leitura nativa", é baseada na pronúncia de uma palavra originariamente japonesa, ou "yamatokotoba" (大和言葉), que se aproximava do significado do caractere chinês na época em que este foi introduzido. Assim como o on'yomi, pode haver várias leituras kun'yomi para um mesmo kanji, ou até mesmo nenhuma.
Por exemplo, o kanji para leste, 東, apresenta on'yomi "tõ". Mas, a língua japonesa já tinha duas palavras para "leste": "higashi" e "azuma". Desse modo, ao caractere kanji 東 foram adicionadas essas duas pronúncias. Já o kanji 寸, que denota uma unidade de medida chinesa (aproximadamente 3cm), não tinha nenhum equivalente na língua japonesa, por isso tem apenas uma leitura on'yomi: "

Quando usar cada leitura

Mesmo palavras com conceitos similares, como "leste" (東), "norte" (北) e "nordeste"(東北), podem ter leituras completamente diferentes: "higashi" e "kita", leituras "kun", são usadas nas duas primeiras, respectivamente; a terceira lê-se usando o on'yomi: "touhoku".
A principal regra para determinar a leitura e pronúncia de um kanji em um determinado contexto é que kanjis aparecendo em compostos são normalmente lidos usando o "on'yomi". Esses compostos são chamados "jukugo"(熟語) em japonês. Por exemplo, 情報 jõhõ "informação", 学校 gakkõ "escola", e 新幹線 shinkansen "trem-bala", todos seguem este padrão.
Kanjis que aparecem isolados -- ou seja, escritos adjacentes a kana somente, não a outros kanjis -- são normalmente lidos usando seu "kun'yomi". Juntos ao seu okurigana, caso o possuam, eles normalmente funcionam como um substantivo ou como um verbo ou adjetivo flexionados. Por exemplo: 月 tsuki "lua", 情け nasake "simpatia", 赤い akai "vermelho" (adj), 新しい atarashii "novo", 見る miru "ver".
Há um terceiro tipo de leitura, na qual os kanjis são lidos pelo significado conjunto, ignorando-se as pronúncias "on" e "kun" de cada um deles isoladamente. Como um exemplo, veja a palavra para "adulto", que é 大人, que consiste dos kanjis 大 (grande) e 人 (pessoa). Contudo, a leitura não é "daijin" nem "oohito" como poderia se esperar das leituras "on" e "kun", mas sim "otona", pois essa é a palavra japonesa para "adulto".
Um outro exemplo é 明後日, que consiste de 明("amanhã") + 後(depois) + 日(dia), ou seja "dia depois de amanhã". Existe a leitura "myogonichi", que é feita pelos caracteres, mas o composto também pode ser lido como "asatte", que significa "depois de amanhã" mas não está relacionado às pronúncias dos kanjis individuais. 

Quando não usar kanjis

Apesar de existirem kanjis para quase todas as palavras da língua japonesa, muitas vezes não é comum escrever certas palavras em Kanji. Isso se deve ao fato do kanji daquela palavra ser muito complicado para o uso corriqueiro, ou quando a palavra é de uso tão comum que já se tornou mais prático sempre escrevê-la em kana.
Por exemplo, os pronomes これ, それ, あれ ("kore" - isto, "sore" - isso, "are" - aquilo) todos têm kanjis correspondentes, (此れ, 其れ, 彼れ) mas quase nunca são utilizados (por uma questão de praticidade, e um caso especial ocorre com pronomes "a" (あれ, あの, etc.): o kanji utilizado para formá-los é "彼". Portanto, se escrevermos あの ("ano" - aquele(a)) com kanji (彼の) surge a ambigüidade de sentidos, com o aparecimento da denotação "kareno" - que significa "dele". Exemplo:
彼の林檎は迚も美味しい。 - Denotações: "a maçã dele é muito saborosa" e "aquela maçã é muito saborosa"
Por isso, neste caso, é preferível utilizar o kanji 彼 quando se referir que algo é "dele". O mesmo ocorre com verbos de uso frequente como ある e いる e する, cujos kanjis são, respectivamente 有る ou 在る (conforme o sentido), 居る e 為る. A maioria das preposições e muitos advérbios são escritos em kana, apesar de terem kanjis. O caso do verbo ある é que se dejejarmos expressar os verbos "haver", "possuir" e "existir", todos para seres inanimados, utiliza-se 有る. Mas para "localizar-se em", é mais adequado 在る.